domingo, 31 de janeiro de 2010

Carta Anônima

Nora,

Te escrevo hoje por uma razão simples, corriqueira mas às vezes tão complicada para nós: te amo.

Sei que há um despropósito nisso tudo, uma sem-razão de existir, mas ainda assim, te amo, e é simples assim.

Sei que pode parecer superficialidade minha dizer isso assim, sem entorno, sem ambiente - pode paracer frugal e leviano, mas as coisas simples não requerem complexidades para serem ditas com verdade.

As minhas ausências e os meus esquecimentos podem - aparentemente (digo!) - contradizer minhas linhas acima, mas acredite! É real.

Mãe, tenho certeza de que me ama de maneira totalmente diferente da forma que te amo.

O amor é cheio de expectativas, de cobranças e sinto o quanto te decepciono e te iludo, o quanto te entristeço ao não ser quem você esperava que eu fosse.

Te amo com ternura, te amo com as lembranças de carinhos e brincadeiras de um infância que não volto mais.

Mas as nossas escolhas nos fizeram independentes, a parte, e assim é meu amor por você.

Entendo sua frustação, sua tristeza, ao me sentir distante da filha presente e companheira que você tanto sonhou. mas não nos culpemos.

Decidimos, em cada pequeno ato que tomamos no passado presente, que as coisas seriam assim.

Não temos que nos cobrar (e nos culpar) que as coisas sejam diferentes, pois não serão. Não se reconstrói um tempo que já passou.

Temos sim que boiar, nos soltar no amor que sentimos uma pela outra.

Um amor de hoje, um amor real, e não um amor que sonhamos ter.

Nunca se esqueça disso, mãe...liberte-se e seja feliz.

Beijos de sua filha

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